PEIXES DE VERÃO...

O ano de 2025 tem sido um pouco atípico, diria anormal se considerarmos as temperaturas de água baixas que se fizeram sentir em Maio.
Foi um ano com alguma chuva e isso são boas notícias mesmo para a pesca, mas nesta altura aquilo que seria normal era constatarmos já a chegada de correntes de águas bem mais quentes, na ordem dos 18 a 19ºC.
O sinal mais visível para quem sai de barco é sempre a presença de tufos de sargaços a flutuar, a dirigirem-se para a costa. Esse é o momento!
Quando chegam os sargaços do largo, sabemos que as correntes de água quente estão a chegar e que as teremos a passar aqui até Novembro, Dezembro.
São os sargaços, a sua chegada à costa, aquilo que marca a diferença.
Por baixo deles os nossos amigos pampos, os lírios, seus parceiros de viagem atlântica, e pelo fundo os sargos de riscas, Diplodus cervinus, conhecidos por saimas.
Não temos isso ainda, à data em que vos escrevo estas linhas.

Os lírios já chegaram, mas ainda estão tímidos e “enregelados”... pouco activos. 

Aquilo que tenho visto são peixes a procurar o conforto da superfície, a aproveitarem os raios de sol, a aquecerem o corpo e a alma, e obviamente à espera de dias mais quentes.
Para quem faz spinning, as melhores condições ainda estão por cumprir, todavia já é possível conseguir alguns peixes, recorrendo a amostras de média dimensão, imitações de sardinha, que a temos em abundância na costa.
Os tons azuis e verdes, os espelhados, estão agora na “moda”, a dar alguns peixes que ainda não lutam como o farão daqui a um ou dois meses.
Tenho notado isso, os peixes mordem mas deixam-se vir, não oferecem demasiada resistência, como se estivessem... congelados.

Vejam-nos a apanhar sol, a aquecerem o lombo colados à superfície... os lírios que um dia nos irão abrir os triplos com as suas arrancadas fortes.

Peixes como os lírios, valorosos combatentes que podemos tentar com tudo o que sejam amostras de recuperação rápida, jigs, vinis, stickbaits, estão aí debaixo dos nossos olhos, a prometerem lutas que infelizmente ainda não podem dar.
Este ano aparecem-nos exemplares a raiar os 4 kgs de peso, o que, atendendo ao que é normal nas nossas águas, nem está mal.
Vamos esperar por eles...


Entretanto, e porque o azar de uns é sempre a sorte de outros, e à conta das águas mais frias, continuamos a ter remessas massivas de pargos nos pesqueiros habituais.
Há muito peixe lá fora, as zonas médias são agora boas e as zonas boas são agora muito boas!
As bicas, muitas, os pargos capatões, sempre agressivos para com os nossos jigs, e um ou outro pargo das Canárias, esse admirável lutador que este ano primou pela quase ausência...estão ainda a ocupar os seus postos de caça, e disponíveis para morder os nossos artificiais.
Num ano “normal” os robalos já estariam a patrulhar os baixios à procura de alevins, mas este ano ainda é possível capturar alguns deles a profundidades na casa dos 60 a 70 metros, o que indica bem da diferença que fazem alguns graus a mais ou a menos na temperatura das águas.

Tenho conseguido alguns resultados com jigs planos da Shimano, a dar tempo, a deixar o peixe morder sem pressas.

Que me conste, não aconteceu nenhuma arribada de caranguejo pilado na minha zona de pesca. Ela pode ter acontecido mais a sul ou a norte de Setúbal / Sesimbra, mas eu não a vi. Isso desaponta-me porquanto me traz uma quantidade maior de pargos, mas sobretudo de maiores pargos.
Os exemplares que tenho tido oportunidade de pescar em pouco passam os 2 kgs de peso, o que é francamente pouco para espécies que podem dar muitas vezes mais que isso.
Passo-vos um filme que fiz um destes dias, a pescar a 60 metros de fundo, com corrente.

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

A dada altura, e porque a maré era de alto coeficiente (lua grande, cheia, nesse preciso dia...), fui forçado a parar de pescar e trocar o meu jig por um outro com mais 10 gramas de peso.
Concretamente comecei a pescar com 40 gr, ao fim de duas horas passei de 50 gr e à medida que a maré subia e a corrente ficava mais forte fui para 60 gramas. Ou seja dois números acima daquilo com que pesco habitualmente na zona: 40 gramas.
Mas se as condições assim o exigem, ...pois sim, que seja.
Daí a importância de termos na nossa mochila um sortido de jigs que nos permita optar pelo mais indicado.
Na circunstância, passei de um jig em formato plano em 50 gramas para uma agulha, um jig mais comprido, em 60 gramas, a descer muito mais rápido.
Se há algo em que não devemos ser fundamentalistas é na questão dos jigs. É verdade que comecei bem, a pescar com um jig Shimano de forma mais larga e plana, e com o qual pesquei alguns pargos.
Mas a dada altura a corrente já não me deixava fazer o mesmo tipo de animação e senti que deveria aumentar o peso em 10 gramas. E continuei a pescar pargos.
Porém, na penúltima hora de maré enchente a corrente ficou ainda mais forte e aí a opção era não pescar ou optar por um jig próprio para esse tipo de trabalho.
Explico-vos isto para que entendam que o facto de estarmos a conseguir peixes não nos deve roubar o discernimento quanto à necessidade de mudar.


A seguir, continuei a fazer alguns peixes, mas tendo de adaptar algumas cambiantes diferentes na forma de trabalhar o jig.
As agulhas, jigs compridos e estreitos, descem muito mais rápido, permitem-nos pescar em condições de correntes rápidas, mas a sua descida é menos apelativa, menos “pescante” que a queda mais lenta e vibrante das peças mais achatadas.
Por isso mesmo, a quantidade de toques na descida diminui, e a concentração do pescador deve ir para a parte do lance em que o jig sobe.
Passa a ser aí que se concentra a quase totalidade dos seus esforços de capturar peixes.

Este é o jig Shimano, uma peça que me tem dado alegrias. Ver AQUI.

Há razões objectivas para usar este ou aquele jig, disso não tenham dúvidas. 
Aos sábados de manhã, e sob marcação prévia, eu estou na GO Fishing Portugal, em Almada, ( desde que o tempo esteja mau lá fora...) e costumo fazer recuperações de equipamentos obsoletos, danificados, jigs incluídos.  
Há sempre uma segunda vida para estas peças que tanto nos ajudam a encher as caixas de peixe. 



Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Boa tarde, gosto especialmente deste post, pelo teor didático no tema dos Jigs.
    Eu fui no meu kayak, com as condições como refere, de alguma ondulação, corrente e vento, mas a água estava com uns agradáveis 21º.
    Usei o que sei usar, as minhas rapalas deep tail dancer de 11cm e capturei 9 robalos, enquanto o tempo esteve fechado, dos quais guardei 4 de bom tamanho.
    Ao fim de 10 milhas a pedalar e do sol substituir o nevoeiro, regressei.

    Vou continuar a ler sobre o jigging, um dia serei feliz XD

    Cpts, Paulo

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    1. Boa tarde Paulo
      O jigging é uma modalidade que faz feliz muita gente por esse mundo fora.
      Peixes que não podem ser capturados pelos métodos tradicionais, a pesca vertical com isca orgânica, vulgo "pica-pica", passam a estar disponíveis através da pesca com jigs.
      Há duas semanas tive um bom exemplo disso, uma daquelas picadas de nos cortar a respiração, eventualmente um mero na ordem dos 20 kgs, que agarrou o jig e levou para a toca de pedra....
      Para aquele mero, um colosso pela pancada e força que fez, o meu jig era mesmo um peixe vivo.
      É isso que os peixes veem nos nossos jigs: peixes vivos.

      Nunca tocam nas iscas da rapaziada das minhocas, das navalhas, etc....porque esse não é o seu alimento.

      Tenho a rara sorte de ter tido bons mestres, japoneses que me mostraram muito do que é a pesca jigging, e me fizeram acreditar que vale a pena.
      Por cá, ainda há gente que acha que pode fazer jigging com canas de pescar ao fundo. Ou seja, aquilo que admitem é adquirir um jig de 8 euros e fica por aí.
      E pescam zero, obviamente.

      Não há milagres.


      Abraço
      Vitor

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