FLUOROCARBONOS - CAP I

Já aqui vos dei a notícia: os fluorocarbonos, tal como os conhecemos hoje, vão acabar.
Razões ecológicas estão por detrás desta decisão.
Porém, a ciência já trabalha no assunto e brevemente irá surgir no mercado um novo producto, do mesmo tipo mas com uma designação diferente, a que iremos porventura chamar
de “fluorocarbono 2”, e que irá cumprir na perfeição as premissas agora obtidas através do “fluorocarbono 1”, aquele que conhecemos bem.
Não vem mal ao mundo por isso, afinal de contas este mundo da pesca renova-se a cada instante e estamos habituados ao fenómeno.
O poder de adaptação de um pescador tem poucos limites e se a questão é apenas de ordem química, que seja.

As linhas de qualidade são um factor decisivo quando queremos pescar a sério...

Sabemos reconhecer a diferença entre a utilização de nylon e fluorocarbono.
Se o primeiro é mais macio, mais "flexível" e elástico que o fluorocarbono e flutua facilmente na água, também é verdade que reflete a luz do sol, brilha, tornando-se visível aos olhos dos peixes. E isso é um inconveniente.
Terá as suas virtudes, nomeadamente uma maior resistência à rotura junto aos nós, por exemplo.

A linha de fluorocarbono, por outro lado, é mais rígida e menos elástica do que o nylon, o que a torna mais sensível ao toque, transmitindo melhor as vibrações dos toques recebidos,
muito mais resistente à abrasão, (e o quanto isso é importante em fundos onde o peixe pode raspar na pedra...), afunda mais rápido e tem propriedades que o tornam praticamente invisível na água.


Cada fabricante arroga-se o direito de anunciar que o seu fluorocarbono é mais invisível que todos os outros. Não devemos embarcar em estratégias de marketing que mais não são que tentativas de vender mais. Cuidado com a publicidade enganosa, aquela que promove e aponta como insubstituível um determinado producto.

Mas não podemos fechar os olhos a evidências: o fluorocarbono, genericamente falando, é uma linha que nos traz uma resma de vantagens!
Pessoalmente, quero acreditar que os japoneses sabem fabricar bem. 
Não encontrei até ao momento razões para não utilizar nenhum dos seus fluorocarbonos, embora tenha, claro que sim, as minhas marcas e modelos favoritos.
E aponto aos Varivas e Daiwa por serem aqueles que melhores performances me ofereceram em situações limite.

Não me custa acreditar que a mistura de componentes seja difícil de conseguir. Certamente que é. 
Um pouco como acertar na mistura da proporção certa de ferro e de carbono quando se quer obter o melhor aço possível.
Para aqueles que nunca visitaram uma fábrica de linhas pode parecer estranho que existam várias “receitas” para conseguir o mesmo: linha de pesca.
A parte química é importante, as suas misturas, mas também é importante o manuseamento das técnicas e temperaturas de produção. 
Sabiam que podem transformar um nylon grosso rígido num fio macio...introduzindo-o em água quente?
Sim, a linha de nylon pode ser...cozida numa panela.


Um fluorocarbono tem como características mais vincadas a sua baixa elasticidade, a sua resistência à abrasão e a sua invisibilidade.
Se as duas primeiras podem ser facilmente comprovadas por nós próprios, (experimentem a esticar um nylon e a seguir um fluorocarbono, ou a raspar um e outro numa pedra...e entendem a diferença), já a terceira característica não pode ser facilmente testada por cada um dos leitores do blog.
Mas alguém o fez: colocou linhas de nylon e fluorocarbono esticadas na água de um aquário e verificou que os peixes evitavam as primeiras mas esbarravam sucessivamente nas segundas.
E isso traz algo novo ao panorama da pesca: a invisibilidade absoluta aos olhos daqueles a quem esse factor menos interessa: os peixes.
Se a nós humanos o fluorocarbono também nos parece ser mais invisível, isso não teria qualquer tipo de interesse e consequência se em acto de pesca não existissem reflexos dessa evidência.
Até porque inevitavelmente o fluorocarbono é mais caro que o simples nylon.

Mas sim, parece ser óbvio que o fluorocarbono ganha largamente ao nylon também nesse aspecto: é invisível aos olhos dos peixes.
Daí até a sua utilização ser generalizada em pescas como o spinning e o jigging foi um passo. E daí para a pesca vertical, para o surfcasting e hoje em dia até em pesca Big Game.
Estará o problema resolvido de vez? 
Não me parece, até porque mesmo sendo invisível aos olhos dos peixes isso não significa que a linha não possa ser sentida.
Nunca esqueçam a sua famosa linha lateral e a sua capacidade para detectar vibrações próximas. Ou seja, pesquisas mostraram que os peixes sentem a presença da linha, mesmo que esta lhes seja difícil de ver.

Vamos continuar no próximo número com este tema das linhas.


Vítor Ganchinho


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