FLUOROCARBONOS - PORQUE SÃO INVISÍVEIS AOS PEIXES? - CAP II

A questão da invisibilidade das linhas de pesca é de extrema importância.
É por isso que fazemos os leaders em linha invisível, utilizando nylon ou mais recentemente o fluorocarbono. Não empatamos os nossos anzóis com linha trançada, o multifilamento, porque pura e simplesmente não resulta.
Podemos ainda assim conseguir alguns peixes, mas a pesca torna-se penosa, difícil, de repente parece que o peixe de qualidade desapareceu das redondezas.
Na verdade está lá, mas não pica, movimenta-se ao lado da isca mas não se atreve a tocar-lhe. Restam-nos os pequeninos, inocentes e pouco desconfiados, mas não são esses que queremos...
É por isso que não há que hesitar um segundo: um fluorocarbono de boa qualidade pode dar-nos mais uns quantos peixes bons ao fim do dia.

Aqui, ao chegar à minha zona de pesca fotografei um bonito nascer do sol. As condições de luz variam de acordo com a hora do dia, sendo que com o sol perpendicular à terra, questões como a invisibilidade da linha assumem uma importância acrescida.

A experiência é fácil e rápida de fazer: experimentem prescindir do baixo de linha em nylon ou fluorocarbono e pesquem directo, com o multifilamento a servir a amostra, ou a chumbada.
Vão reparar ao fim de pouco tempo que a rarefacção dos toques acontece. A desproporção de quantidade de contactos é algo perfeitamente evidente!
Com um baixo de linha invisível os peixes acreditam e mordem, com o multifilamento junto aos anzóis receiam e afastam-se. Veem a linha!
Não há pois que saber, há evidências que dispensam mais explicações.
Ainda assim, eles podem sentir a linha através das vibrações, se esta estiver em movimento.
Isso quer dizer que com o fluorocarbono invisível já estaremos próximos de uma solução definitiva, (com tudo o que isso tem de dogmático...), mas ainda não estamos lá.
Nos últimos anos, a investigação dos comprimentos de onda máximos de absorção de células fotorreceptoras por meio da microespectrofotometria tornou-se corrente.
Diversos tipos de análises foram feitas e obtiveram resultados bastante claros.

Vejamos algumas evidências científicas e dados recolhidos: a luz visível contida na luz solar é dividida em sete cores (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta) e, das dezenas de espécies de peixes de água salgada estudadas, apenas algumas foram sensíveis ao vermelho (600 nm e acima).
A maioria das espécies de peixes foi sensível apenas ao azul e ao verde (440 a 570 nm). Podem ver isso no diagrama abaixo, as cores percebidas pelos peixes foram as que se destacam mais, o azul e o verde:

Estes factores científicos são exaustivamente estudados pelos fabricantes de linhas e é a partir daí que os produtos são elaborados.
Linhas com efeitos de filtros de cor cortam os comprimentos de onda que os peixes conseguem detectar.
Eles percebem no escuro a mistura de luz transmitida pela linha de pesca, a luz reflectida como cor e o seu contraste com a ausência de luz que reina no seu ambiente escuro.
Considerando que os peixes também entendem a linha como uma silhueta, é importante combinar o efeito de filtro de cor com a transparência total.
Joga-se aqui um jogo de “rato e gato” de dois seres que procuram enganar-se mutuamente, homens e peixes.
As boas linhas de fluorocarbono são invisíveis porque cortam uma faixa mais ampla dos comprimentos de onda percebidos pelos peixes. Se à superfície nós conseguimos facilmente visualizar a linha, isso não
significa que numa situação de baixa luminosidade isso seja idêntico para os nossos opositores.
Falamos de “filtro de cores”, algo que nos ajuda, e de que maneira, a pescar um pouco mais. 
Retiramos ao peixe as cores de linha que ele consegue ver, ....precisamente os azuis e os verdes.


Para aqueles que gostam de ir mais fundo nas questões, aqui ficam elementos técnicos que serviram de base à elaboração deste trabalho.

Na tabela abaixo, temos as faixas de frequência e comprimento de onda correspondentes a algumas cores do espectro eletromagnético visível:

Observando a tabela anterior com cuidado, é possível perceber que a cor violeta apresenta a maior frequência de espectro visível e, consequentemente, o menor comprimento de onda. Essas duas grandezas são inversamente proporcionais.

Também nós humanos temos as nossas limitações a nível visual. Há comprimentos de onda que nos estão interditos, não conseguimos vê-los.
Falo-vos das ondas de rádio, micro-ondas, os infravermelhos, os ultravioletas, os raios X, os raios gama. Nada disso conseguimos ver, embora existam.
Vejam abaixo o esquema que o explica na perfeição:

Apenas uma pequena fração do espectro eletromagnético pode ser percebida pelo olho humano.

Espero que esta explicação vos tenha sido útil. 
O intuito é que percebam que não é inócua a escolha de uma linha…e que devemos ser cuidadosos quando fazemos as nossas compras. 
O barato paga-se em...peixe. Menos peixe. 



Vítor Ganchinho


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