AMAZÓNIA - A IMPORTÂNCIA DO EQUIPAMENTO DE PESCA EM CONDIÇÕES EXTREMAS - CAP XIV

Quem pesca já tem em si uma intrínseca capacidade de resistência a questões de agressões ambientais. 
Faz parte. Nós aguentamos a pé firme o frio, a chuva, o calor, o vento, e mais que seja.
Desde que haja peixe, o resto... resolve-se. 

Porém, ...nem sempre é tão simples assim.
Em condições extremas, naqueles locais mais inóspitos do globo, ou bem que temos todos os equipamentos necessários ou pura e simplesmente não conseguimos pescar.
Recordo-me de ter ido pescar nos lagos gelados da Finlândia, com -23ºC, e os fatos de neve, botas impermeáveis e luvas grossas fizeram a diferença.
Mas também agora na Amazónia deparei com um cenário que me fez agradecer aos céus ter levado comigo roupas anti-UV`s, e sobretudo um chapéu com rede de protecção contra insectos.
A minha mãe, quando lhe enviei umas quantas fotos, respondeu-me: “filho, deste em apicultor de abelhas?!”....

Mau aspecto, mas confortável.

A verdade é que o dinheiro que gastei num chapéu japonês, um SunLite criado especificamente para este tipo de ambientes, veio dar-me um conforto extra que me permitiu continuar a pescar naquelas horas em que os insectos apertam com os pescadores, sobretudo o entardecer.

Ver vídeo:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

A existência de minúsculas moscas que se alimentam dos fluidos produzidos nas mucosas dos nossos olhos, as ditas “moscas lambe-olhos”, e uma miríade de muitos outros insectos, todos bons rapazes mas profundamente incómodos, faz com que a rede mosqueteira seja muito bem vinda.

Ver vídeo:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.


Quanto a equipamento de pesca em si, a minha opção base foi por uma cana Smith KOZ Expedition, uma vara que não é particularmente boa em nada, mas que, quando não conhecemos o local e o tipo de pesca, acaba por ser a mais polivalente que conheço.
Lançar 1500 vezes por dia obriga a pensar no peso, daí a opção por um carbono leve. 
O seu comprimento ajuda a conseguir distâncias significativas, (se longa em excesso, passa a ser demasiado parabólica) e está no ponto certo para muita coisa. 
Esta cana tem tudo aquilo que faz falta quando a especialização em demasia pode ser um problema. 
Porque os peixes puxam muito para os ramos submersos, não podemos facilitar demasiado e por isso convém que a vara tenha alguma alma, alguma dureza.
O carreto, no meu caso um Daiwa Morethan tamanho 4000, aguentou o esforço sem problemas, ou não se tratasse de um topo de gama da marca. Nunca me deixou sentir ...de menos.
Sólido, resistente, relativamente leve, e a suportar acima de 12.000 lançamentos ...sem pestanejar. 
Está como novo.
No fim de tudo, penso que fiz a escolha de equipamento certa. Vejam as condições:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.


Quanto a linhas, o fluorocarbono, enquanto linha mais resistente à abrasão, torna-se indispensável. 
Não são raras as situações em que o peixe carrega forte e raspa a baixada nos troncos. Porque se tratam de peixes com força e peso, um nylon simples acaba por rebentar.
O diâmetro convencionado por lá para uma pesca segura, o 0.70 mm, 60 libras, resolveu. A única rotura que tive foi com um peixe bom, com força, e aconteceu quando tentei pescar mais fino, uma linha  50 libras, 0.62mm que ...não aguentou.
A vantagem é sempre a de pescarmos mais fino, quer em termos de obtenção de picadas, quer em termos de facilidade de manter a amostra a trabalhar correctamente, mas há limites mínimos que não podem ser ultrapassados, sob pena de perdermos o peixe e a amostra.
As fateixas das amostras são em arame mais grosso, reforçadas, (aquelas que utilizamos por cá em Portugal não servem), ou os ganchos são abertos em três tempos por qualquer peixe acima dos 5 kgs de peso.
A questão é sempre a mesma: não pescamos em águas abertas, não podemos dar linha, e isso faz com que o peixe tenha de ser arrancado, literalmente, das estruturas onde se esconde.
Ou vai embora...

Ver vídeo:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

É aqui debaixo que eles estão...

Ao final da tarde, um pouco antes de entrarmos no barco /mãe e para descontrair um pouco, tentámos sempre um peixe de fundo, com isco orgânico.
A solução passou por capturar algumas piranhas e utilizar estas como isca.
Aparecem os peixes mais estranhos, sendo que a mim não me calhou nenhum dos grandes peixes que povoam aqueles rios. Há peixes acima dos 200 kgs...

Não lhe faltam bigodes… Este peixe alimenta-se no fundo e tem hábitos sobretudo nocturnos, mas neste caso apareceu ainda em pleno dia.

Ver vídeo:


À noite, e por força da quantidade de bichos ”estranhos” que saem dos seus esconderijos para caçar, não é bom andar na mata.
O risco é grande, e não vale a pena pescar nessas condições.
Para além disso, basta a existência de uma pequena luz e somos cercados por milhares de insectos inconvenientes.
Assim sendo, e porque o corpo reclama descanso... dorme-se.

A qualquer hora do dia, e mais ainda a esta hora, o entardecer, as paisagens são magnificas.

Estamos a acabar esta série...


Vítor Ganchinho


😀 A sua opinião conta! Clique abaixo se gostou (ou não) deste artigo e deixe o seu comentário.

Artigo Anterior Próximo Artigo

PUB

PUB

نموذج الاتصال