A FORMA SPOON, A COLHER DO MOMENTO PARA ROBALOS E PARGOS

Num mundo cada vez mais pequeno, mais partilhado, com a informação a correr à velocidade da luz, com “tudo à vista”, não será fácil para ninguém conseguir apresentar produtos realmente inovadores, diferenciados de tudo o resto que já existe. Inventar novos equipamentos de pesca será cada vez menos fácil e menos ainda que esses produtos sejam de facto eficazes.
Todas as empresas procuram o ovo de Colombo. Não preciso de dizer-vos o quanto os produtos “milagrosos” são procurados, pois eles representam facturação, dinheiro, imagem e poder para as fábricas.
Porém, não é impossível inovar.
A espaços, damos pela entrada nos circuitos comerciais de algo que vem resolver situações que até aí eram apenas “meio-resolvidas” por algo alternativo.
Hoje vou falar-vos de uma colher para pesca em água salgada que me parece ter vindo para ficar: a FORMA SPOON.

Uma outra solução, o assiste duplo à cauda.

O fabricante é a Little Jack, o seu designer chama-se Yoshitake Matsuo, um brilhante criador de amostras para pesca.
Porque são eles próprios pescadores, sentem melhor que ninguém as dificuldades que experimentam aqueles que lançam vezes sem fim sem conseguir convencer um único peixe a morder.
Pegaram numa solução credenciada, a colher, uma chapa colorida muito usada no norte da Europa para salmões, trutas ou lúcios, e deram-lhe uma roupagem nova.
E vai daí, exagerando as formas de jigs lentos, os ditos “slow-jigging” curtos e largos, conseguiram um interessante produto para a pesca de robalos e pargos.
A “medalha” é côncava, o que lhe dá um acrescido poder de planagem na água. Desce de forma irregular, realizando patamares, permanecendo por breves instantes quase parada na coluna de água, e saindo daí a brincar com a gravidade num novo efeito lateral, pairando de novo, vibrando o suficiente para atrair as atenções do peixe mais distraído.
Uma perfeita folha sêca, a descer, pairar, descer de novo, num movimento perpétuo, ritmado, de queda para o fundo.
Um verdadeiro desafio para os peixes que tomam este jig por uma presa ferida, sem capacidade de manobra, sem capacidade de fuga.

Movimento, brilho, cor, eis um jig com alto potencial para os nossos melhores peixes...

Mandei vir da fábrica uns quantos para testes de mar e tratei de os equipar de várias formas.

O que menos me convenceu foi por sinal o que vem proposto de origem: um triplo à cauda, apenas. Implica adaptação da nossa parte, nada que um pescador não adore fazer.
Parece-me que resulta bem melhor com um assiste duplo à cabeça, longo, a tapar o corpo do jig quase até à cauda, ou, no caso do assiste na rectaguarda, aplicando numa das cordas do assiste um penacho, um vinil luminoso, uma lulazinha brilhante, de forma a prolongar o corpo do jig um pouco mais.
Parece-me ser mais eficaz desta forma. O ataque do peixe é feito ao vulto, e se lhe damos como alvo único o corpo metálico do jig, podemos perder pelo facto deste ser muito largo.
Com isso vamos ter alguns ataques falhados, situações em que o peixe morde a chapa à largura e por ter os anzóis tapados não os alcança, não se espeta, não ferra.
Porém aplicando o assiste duplo na cauda sem mais acessórios teríamos situações de cargas sobre o corpo, à frente, sem contacto com os anzóis.
Por isso mesmo, a função dos “penachos” de vinil é compensar a imagem do conjunto, dando-lhe um prolongamento do corpo onde ele de facto não existe, a cauda.
Da mesma forma que um mágico mostra a mão direita enquanto executa o truque com a esquerda, também este “nada na manga” irá ajudar-nos a descentrar a mordida do peixe, puxando-a um pouco atrás, à rectaguarda, precisamente onde estão os nossos anzóis.
Faz sentido?

À conta da sua deslocação irregular, esta colher faz enormes estragos nos cardumes de robalos.

Sobre as cores, elas serão mais eficazes quanto mais próximas daquilo que o predador pode encontrar na sua zona de alimentação.
No norte do nosso país pode não haver alevins iguais aos que se podem encontrar no Algarve, a sul.
Nada obriga a que exista uma cor melhor que as outras, há sim uma que será a mais eficaz naquele dia, naquelas condições, perante uma determinada entrada de isca.
Se há sargos ou choupas miniatura, peixinhos novos do ano, imaturos, inocentes, fáceis de capturar, as cores neutras, cinzas, serão as preferidas.
Sempre que possível devemos tentar ajustar de acordo com a comedia que existe disponível.
No caso de existência de carapaus, a colher que vos mostro abaixo parece-me mais indicada:
Os azuis desmaiados fazem um contraste perfeito com a água onde normalmente lançamos, o mar aberto e a sua água limpa.
Esta cor é muito comum em pequenos peixes pelágicos, todos eles alimento comum para os nossos predadores.
Chamo-vos à atenção para um detalhe que me parece importante: nesta colher abaixo, a cor clara do ventre é intencionalmente exagerada e pretende dar a entender um peixe debilitado, um peixe que perdeu o controle sobre a sua verticalidade. Isso, em termos de natureza é sempre fatal porque significa falta de força, de incapacidade de manter a posição, mostrando o ventre. Um alvo a abater...
E termino com um azul forte, “sardinha fresca”, uma coloração mais viva que é um clássico na captura de pargos e robalos.
Relembro que os azuis e os lilases são das últimas cores a serem absorvidas pelo escuro da profundidade e isso pode ter importância para quem pesca um pouco mais profundo:

O conceito é mesmo tentar acertar no que resulta melhor nesse dia.
As águas não estão todos os dias azuis, nem sempre verdes, hoje existe este tipo de isca, amanhã será outro, é um processo muito dinâmico, em constante mutação, pelo que não existe uma solução que seja boa a todo o tempo.
Por isso mesmo, a GO Fishing importou uma série de colheres, e cada um poderá optar pelas cores que julga mais adaptadas à sua região, ao que os robalos ou pargos têm disponível para comer.

Mesmo para quem faz jigging a partir da costa, esta é uma solução a ter em conta.

Quando um produto funciona, e está provado que sim, há que tirar partido do potencial que tem.
Vou manter-vos informados sobre os meus resultados deste Outono com este tipo de colher. Eu sinto-a trabalhar na ponta da cana, as vibrações são perfeitamente perceptíveis, e se eu as sinto, os peixes também.
Volto a repetir que a considero indicada para períodos de estofo de maré, com águas mais calmas, ou para dias em que a lua está pequena, e a corrente é fraca.
Não me parece que seja a boa solução para dias de luas grandes, com correntes desenfreadas. Isso seguramente não é, para isso temos os jigs em formato de agulha.


Boas pescas para todos!


Vítor Ganchinho


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