Fiquei de continuar hoje o relato de um dia de pesca cujo objectivo primeiro era conseguir uns quantos carapaus para o meu sogro. Leiam o número anterior.
Pois sim, conseguidos que foram com um jig metalizado da Zeake de 30 gr, vamos agora ver qual a sequência desse dia.
Nada como ter o objectivo concretizado, porque a partir daí a pesca era mesmo só para testar ideias.
Aproveitando a brisa fresca da manhã, e o facto de ter ainda alguma água de maré, pensei ir tentar os pargos, sempre voluntariosos a caçar na corrente quando se inicia um novo dia.
Há muito peixe que fica à noite a procurar comida nos baixios, pesqueiros com menos de 20 metros de fundo, e que se lança com vontade a qualquer coisa que lhe pareça comida.
Foi por aí que fui, e utilizei a minha cana LRF com acção 1-7 gr, muito ligeira e sensível. Carreto 2000, linha multi PE 0.6 e baixada fluorocarbono 0.23mm.
A quantidade de peixe que ataca o pequeno vinil é uma barbaridade!
Os toques são sucessivos, e se chegamos atrasados a um temos logo no segundo seguinte uma nova oportunidade.
Entrou um pequeno pargo, com pouco mais de 500 gramas, um peixe juvenil que guardei por vir preso pela goela e que não me deu qualquer possibilidade de o desferrar sem rasgar demasiado. Demasiada “sede ao pote”....
O resto foram choupas, garoupinhas, alguns sargos palmeiros, tudo gente nova que foi devolvida à água ainda em boa forma física.
Não convém subestimar o método de pesca, o Light Rock Fishing, porque de quando em quando aparece um robalo bom, uma dourada já velha, um ou outro sargo acima de 1 kg....
Tinha ficado pouco convencido de que os robalos de bom porte não estivessem perto dos que andei a pescar ao raiar do dia.
A presença de isca viva atrai os pequenos, mas também os grandes não são insensíveis a comida fácil, pelo que voltei ao local disposto a espiolhar melhor a zona.
Para isso, apliquei um jig Little Jack novo, o “Forma Spoon” de 38 gramas, numa cor natural que vos mostro no vídeo abaixo.
A ideia era mesmo aproveitar o período do estofo da maré, aqueles minutos em que o mar quase não mexe.
A opção foi por pescar com algo que cai fazendo patamares, emitindo vibrações ritmadas, a provocar os robalos que estivessem a caçar na zona.
E estavam.
Após uns 5 minutos de pesca, um primeiro robalo de bom aspecto mordeu o jig.
A descida da colher imita na perfeição um peixe em apuros, desorientado, e os predadores não perdoam aos fracos.
Mais dois lances e um outro robalo bateu forte no jig.
A cana vergou acusando o excesso de peso e ameaçou dobrar-se ao meio. A linha saiu a bom ritmo, ouvi o carreto Daiwa Saltiga 15 cantar e percebi que era um peixe de calibre acima do anterior.
A picada de um peixe bom nunca deixa de ser um caos para o nosso coração.
Os primeiros arranques do peixe fazem-nos correr desenfreadamente a adrenalina pela tubagem das veias, a respiração descontrola-se e é aí que o cérebro se impõe e manda pôr ordem no assunto.
Já chega! As mãos passam a controlar a cana, a linha, o carreto, e exigem pôr um ponto final naquele esforço e dor, naquela guerra.
Nitidamente era um robalo.
Só eles puxam de forma descontrolada, sem rumo, sem um objectivo fixo. Se os pargos aplicam todo o seu peso, se os lírios forçam para obter o fundo salvador, os robalos nem isso.
Na verdade o robalo é um peixe carismático, esperto, astuto, mas fisicamente está longe de ter a energia que podemos admitir a outros congéneres.
Puxava a meia água, mas eu puxava mais. Ao fim de dois minutos o espelhado do seu flanco estava à vista.
Pergunto-me quantos pescadores fazem pesca durante dezenas de anos sem ver um único brilho igual. Quem pesca “pica-pica” com iscas comuns pode nunca conseguir um robalo na vida.
É sem dúvida um peixe bonito, nobre, ainda que pouco dado a lutas demoradas.
A bordo, uma sensação de alívio percorre o corpo. Um bom peixe deixa-nos sempre uma sensação de conforto difícil de explicar.
Estava feito.
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| Um robalo bonito. |
Vejam o filme após captura:
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O objectivo eram mesmo só os carapaus e esses já estavam no balde.
Com a chegada do vento forte e o início de outra maré, manda a prudência voltar a casa.
Prolongar a pesca mais que o necessário não faz sentido, o peixe na caixa já chegava e sobrava para o dia.
Da mesma forma que a senhora açoriana não precisa de pescar mais carapaus que os suficientes para o jantar da família, também eu não necessitava de mais peixe para esse dia.
Carvão, brasas, robalo escalado, carapaus grelhados e um bom copo de vinho branco fresco.
Que mais?
Vou voltar ao assunto da colher Little Jack utilizada já que fiquei positivamente impressionado com ela.
Irei brevemente passar-vos alguma informação sobre o produto.
Uma colher côncava que vibra a cada patamar, (a força de impulsão empurra-a para cima, trava a sua descida, e por contra a força de gravidade actua sobre o seu peso forçando a descida, gerando assim uma série de paragens, seguidas de um deslizar lateral que deixa os robalos curiosos...e com os nervos em franja..), é algo que vale a pena tentar.
Boas pescas para todos vós.
Vítor Ganchinho
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