Meia hora a pescar....bicas!

Já aqui tenho referido a facilidade com que se conseguem bicas, utilizando conjuntos de canas, carretos, linhas e jigs muito ligeiros. Em suma, equipamentos próprios para Light Rock Fishing, LRF.
Tenho amigos que as tentam com equipamentos de jig pesados, “bombardas” de 100 / 150 gr, e não conseguem toques. Também sei de pessoas que foram diversas vezes ao mesmo local onde as pesco, equipadas de canas de pesca vertical, com iscas, e que ficaram um dia inteiro no sítio, sem as conseguir. Outras tentam fazê-lo, mas utilizando apenas um jig ligeiro, mantendo todo o restante equipamento demasiado pesado: não funciona bem, tudo trabalha descompensado.
Se não conseguimos dar a animação certa ao jig, o mais natural é que não resulte. Eu trato isso nos cursos de LRF que dou diariamente. Exemplifico, explico como se faz, forneço o equipamento certo, e mesmo quem nunca pescou anteriormente, novatos assumidos, conseguem os seus peixes.
Afinal, com jigs ligeiros, ou vinis com cabeçotes de tungsténio, com canas que não excedam os 100 gramas de peso, carretos 2000 a 2500 e linhas finas, PE 0.4 a 0.6, é tão fácil que chega a deixar de ter interesse.

A bica, “Pagellus erythrinus”, um espárida muito comum entre nós, habitante de fundos mistos entre os 20 e os 100 metros, podendo ocasionalmente ocorrer até aos 300 metros de profundidade, prefere águas muito frias, e por isso mantém actividade predatória a partir dos 8ºC. Posso confirmar que as pesco frequentemente nas minhas zonas habituais, com temperaturas de 13 a 14ºC, o que para nós é água considerada fria. Para mim, é uma pesca que procuro fazer mais de Inverno/ Primavera que de Verão/ Outono.
O pargo comum, ou legítimo, com essas temperaturas baixas refugia-se na profundidade, faz migrações perpendiculares à costa e fica abaixo dos 100 metros de fundo. A esses, eu espero-os no mesmo sítio, quando a água aquece, a partir dos 18ºC, pois são eles que ocupam o lugar deixado vago.


As bicas atingem pesos na ordem dos 2,5 kgs, sendo os 700/ 800 gramas um peso muito comum. A maior parte dos peixes capturados não excede 1 kg de peso. Reparem na diferença do formato da cabeça, quando comparada com um pargo comum. O focinho é muito mais pontiagudo, e os lábios muito carnudos, o que é muito conveniente,…para os nossos anzóis. É um peixe que desferra pouco, tem uma mordida muito franca. As fateixas Varivas são absolutamente mortais, porque muito afiadas, e com cobertura de teflon, que optimiza a perfuração. O mais leve toque e o peixe está cravado!




Entram preferencialmente aos jigs de baixo peso, 20 a 30 gramas, (se o dia se apresenta de vento forte e / ou aguagem e estamos na casa dos 50 metros, podemos subir aos 35 gramas, como podem ver acima) com entusiasmo, sendo frequente que se consigam várias capturas com intervalo muito curto.
Dedico-lhes alguns minutos sempre que passo pela profundidade certa, pedras dos 25 aos 50 metros, por ser divertimento certo. E também pela pancada e ferragem decidida com que interrompem a intermitente viagem do nosso jig à superfície. Mordem com muita vontade!
A bica é agressiva, muito voluntariosa e capaz de nos dar alegrias sucessivas. Não é raro fazermos meia dúzia num espaço de tempo muito curto, até porque se trata de um peixe que, em zonas descansadas, pode encontrar-se em cardumes ralos, espalhados, de alguns indivíduos.




É minha opinião que, sendo um peixe que preferencialmente ataca a cauda dos jigs, devemos montar um triplo, em detrimento da aplicação de um assiste duplo.
Por ser um peixe de modestas dimensões, não necessitamos de um cuidado extra no diâmetro das linhas. Eu pesco normalmente com PE0.6 multifilamento, com chicote de 0.28mm. Se sei que andam pargos grandes na zona, na ordem dos 3, 4 ou mesmo 5 kgs, subo para 0.33mm, normalmente fluorocarbonos da Varivas: Hard Top, ou TI Nicks, qualquer deles um bom fluorocarbono, este último com protecção titanium, para evitar roturas nos bicos de rocha.
A linha é algo de muito importante: com linhas grossas, muito visíveis, os resultados baixam consideravelmente. Tudo começa a correr mal, desde a descida que passa a ser mais lenta, a prejudicar a verticalidade com que queremos pescar, até à rarefacção de picadas. Digamos que ficamos mais fortes, mais protegidos de uma rotura de linha, mas pescamos menos.


Resultado de cerca de 30 minutos de pesca, com um jig da marca Zeake, japonês, à venda na GO Fishing Portugal, em Almada. Nunca são grandes exemplares, 700 gr a 1 kg, mas para quem gosta de estar em permanente actividade, este peixe dá-nos muitas alegrias. Uma pesca de duas horas com 8 a 9 peixes não é nada de excepcional, dado que se trata de uma espécie de agressividade comprovada, e que entra muito bem aos nossos minúsculos jigs. Se houver pouca corrente, e a profundidade não exceder os 30 metros, jigs 15 gramas são suficientes, desde que o trançado não supere o PE 0.6 de diâmetro. Devemos pescar com um jig o mais leve possível. É vantagem nossa fazê-lo. 


Pequeno peixe regurgitado por uma bica. Teria cerca de 5cm, …o tamanho dos meus jigs. Sendo um peixe essencialmente carnívoro, e atacando de forma franca os alevins de peixes que encontram no fundo, a bica é um potencial alvo para os nossos anzóis. Se comem peixes deste tamanho, só temos de lançar os nossos jigs, deste tamanho, e dar-lhes a animação certa. E elas mordem!...


E vai mais uma, desta vez com um jig Shimano cor sardinha. Já raramente faço fotos com estes peixes, porque se tornaram rotineiras, mas por vezes necessito de imagens para suportar os textos e resolvo pedir a um colega que as faça. A bica dá sempre uma certa alegria às fotos, (ao contrário da abrótea, que invariavelmente sai sempre mal, pendida, sem cor). As fotos devem ser feitas com o animal ainda vivo. 


Relativamente ao resto do equipamento, é muito simples: cana de jigging ligeiro, na circunstância uma Daiwa, à qual adaptei um enchimento na zona do carreto, para conseguir um punho melhor (faz-se com um pano enrolado, bem apertado, e cobre-se com uma fita de raquete de ténis, própria para mãos transpiradas. Sim, um grip de raquete….!). O carreto é o meu inseparável Bay Jigging Daiwa, linha Daiwa Morethan 12 PE 0.6, e chicote em fluorocarbono 0.28mm da Varivas. As luvas são da Owner, modelo Cultiva, muito sensíveis, com sistema “touch screen” porque de quando em quando há amigos que fazem o favor de me interromper a pesca com chamadas de telemóvel e eu canso-me de retirar as luvas para atender. Com estas, é directo ao assunto, atende-se e diz-se para não nos “empatarem” a pescaria...


Aqui um jig da Shimano, equipado com uma fateixa Nogales nº 6, da Varivas. É muito raro um peixe ir embora, com material adequado.


Tentem um dia fazer esta pesca e vão ver que é muito dinâmica, divertida, e por vezes ... aparecem surpresas que não esperamos: um bom pargo que resolveu antecipar-se ao cardume de bicas...



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Espectáculo amigo Vítor, quero ver se este ano ainda trato do meu material para fazer umas experiências a certas espécies juvenis que por aqui andam 😊👍 Um grande abraço e tudo de bom para si e a família

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    1. Bom dia Luis Relativamente a material para Light Rock Fishing acredito estarmos muito bem posicionados para ajudar. Abre perspetivas incríveis para fazer pesca em qualquer lado. Há sempre peixe! No sábado passado levei as minhas filhas e elas estiveram a pescar lírios e divertiram-se que nem umas perdidas. Pelo meio entram uns carapaus, mas faz parte. Quando o Luis vier a Portugal, é irmos um dia fazer esta pesca e vai ver que é descobrir que afinal há peixe em todo o lado. O segredo é fazer pesca com equipamentos ultra-ligeiros, e cada peixe de 1 kg passa a ser um monstro , capaz de partir aquilo tudo, se não tivermos....mãozinhas.


      Abraço
      VItor

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