CARLOS CAMPOS: A PESCA AO PEIXE VENENOSO, COM JIG!...

A pedido de várias famílias, aqui vos trago mais um episódio da interminável saga “Carlos Campos, um fish”.
Não que a pessoa mereça, não que faça minimamente por estar sob as luzes da ribalta, ou que seja a única alma neste mundo que me dê motivos para ser massacrada. Nada disso.
O que não falta aí é quem pesque muito pior. A questão tem mais a ver com o facto de o Carlos, tantas vezes triturado aqui no blog, estar mais habituado a sofrer.
Acho que, depois de “sair na rifa”, e de estar tão saturado de dar justificações aos amigos, de tentar explicar o inexplicável, já ganhou calo.
Cá para mim, em vez de estarmos a entalar outra pessoa inocente, mantemos o Carlinhos. Porque a ideia que tenho é que a ele, parece-me, …já não lhe custa tanto.

Hoje trazemos uma série de casos resultantes da sua dedicação a uma técnica que tem tanto de inovadora como de perigosa: a pesca com jig aos peixes venenosos.


Quando a pessoa se deixa agarrar por um destes peixes couraçados e espinhosos, normalmente não escapa sem ficar com más recordações.


Como ponto prévio devemos referir que para executar este tipo de pesca, convém ser possuidor de uma grande coragem, algum arrojo e desprezo pela vida.
Aumentam as possibilidades de sucesso quando a pessoa tem no seu curriculum a participação em filmes de acção, como duplo.
O Carlos aguenta muita pancada, ou não seria meu colega de pesca. Por vezes peço-lhe várias coisas ao mesmo tempo: largar repentinamente a cana dele, fazer filmes com a mão esquerda, meter o camaroeiro debaixo dos meus peixes com a direita, e assim sendo, não só é indiscutivelmente um bom duplo, mas até um excelente triplo.

Aí vai pois uma lista de capturas dele em que pôs a sua vida em perigo. Tudo rascassos!


Outro rascasso, com sinais evidentes de ser muito venenoso. Eles são uns malandros...

Estes peixes devem ser libertados à agua de imediato, cortando a baixada, sob pena de pegarem doenças infecto-contagiosas a todos os tripulantes da embarcação.
O pescador tem vantagens em aplicar um colírio lubrificante na vista, por exemplo Visine. Também é indicado um anti-biótico potente. Caso não tenhamos no momento, podemos conseguir o mesmo efeito optando por esfregar nos olhos 100 gramas de alho esmagado. Tentar nunca fixar o olhar do peixe. No caso de isso acontecer, mesmo um olhar de relance, de raspão, já temos um berbicacho difícil de resolver.
Para quem é diagnosticado com a doença dos olhinhos, a chamada “mirada rascassal”, cujos sintomas mais frequentes são dores oculares intensas, edemas, náuseas, dores de cabeça, cólicas abdominais, tonturas, tremores nas pernas, arritmias e convulsões, é de todo conveniente limpar logo que possível os olhos com soro fisiológico a ferver, fazer compressas e rezar fervorosamente em horário de expediente do céu, das 14 às 19h, sem desfalecimentos.


Este rascasso ainda é mais venenoso que os outros anteriores. Reparem nos espinhos afiados, prontos a injectar veneno. O peixe tem um sinal nas costas que não é mais que uma ferida provocada por outro rascasso, e tapada com Betadine.

As dores lancinantes provocadas pela picada de um destes escorpiões marinhos podem levar a pessoa à loucura total.
Começa por se sentir uma pieira no peito, um arfar respiratório que aumenta a cada inspiração, umas tonturas, uns suores frios e transpirações quentes, e no fim a pessoa passa a vestir-se apenas em tons de amarelo.
As alucinações que estes peixes provocam podem levar a que o pescador possa pensar que, ao invés de ter ferrado um rascasso, aquilo que tem na linha é um peixe de outra espécie. Vejam abaixo um rascasso “Scorpaena scrofa”, espécie exímia em conseguir disfarçar-se de …abrótea. A pessoa é completamente enganada e quando dá pelo erro, já meteu a mão no animal. Apanhou o bicho entre o polegar e o indicador…


Obviamente um rascasso, e venenosíssimo!

Este infeliz peixe tinha acabado de fazer uma operação à vista, implantando um olho de vidro. Notam-se ainda sinais de conjuntivite bacteriana.
Restituir à água de imediato, olhando o peixe apenas pelo canto do olho. Vejam como o Carlos o faz, com saber e mestria, de enviesado.
Em caso de contacto visual directo, e pese embora algum ligeiro inconveniente, convém ao pescador passar nos olhos um pouco de lixa grossa nº 2, para raspar as partes infectadas da retina.
O que cura é aquilo que arde e dói.


Reparem nas manchas corporais deste rascasso. Sinal evidente de que o peixe tem a febre da malária!

Quando o pescador tem o azar de calhar com um bicho destes, pouco mais pode fazer que ir a correr de urgência à farmácia, comprar uma embalagem de Vicks Vaporub, e esfregar a pasta nos olhos.
O efeito calmante e mentolado, o cheiro a cânfora e eucalipto dão à pessoa a agradável sensação de, mesmo de olhos fechados, estar a ver as águas cálidas e límpidas das Bahamas. Pode ser que passe.


Esfregar nos olhos a totalidade do frasco, até obter o efeito Seychelles, ou Bahamas.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. 😂😂😂😂😂..Parabéns por mais um texto fantástico amigo Vítor 👏👏 . Aquele abraço dos grandes e no Natal dou-lhe pessoalmente quando for ai 😀👍

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    1. Olá Luis! Venha daí esse grande pescador de peixe a sério, que nós deste lado queremos ouvir relatos dessas pescarias. Angola terá sempre peixe, ...mesmo quando noutros sítios é cada vez menos.
      Um grande abraço!

      Vitor


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