COMO FOTOGAFAR PEIXES... SEM ESTRAGAR O MOMENTO

Quantas vezes conseguimos um bom peixe, e, por inépcia dos amigos, por desleixo, por utilizarem aparelhos de má qualidade, por nos cortarem a cabeça, ou pura e simplesmente por não terem jeitinho nenhum para a função, acabamos por ficar com uma péssima recordação de um bom momento. Um bom telemóvel faz fotos que são sempre aceitáveis. Longe vão os tempos das máquinas de rolos, que implicavam revelação.
Isso acabou, e hoje, no local, no momento, podemos ver se tudo está bem ou se é necessário repetir. E podemos fazê-lo, tanto quanto a paciência do colega que carrega no botão do aparelho…aguente.
Sabemos que a seguir à captura de um peixe de excepção há sempre uma subida de adrenalina, os nossos colegas de pesca ficam excitados com a ideia de também conseguir um.
Uma captura boa motiva sempre uma “corrida ao armamento”. Podemos sentir da parte deles um crispar de mãos sobre as suas canas e a tentativa de conseguirem um igual ou maior. Nessa altura, tudo o que eles não querem ouvir falar é de fazer fotos.
Mas o momento certo é esse, com o peixe vivo.
Também sabemos que os peixes de qualidade não aparecem todos os dias, e por isso mesmo, é ainda mais importante que, quando surge a oportunidade, tudo saia perfeito.
Há princípios básicos que devem ser seguidos, e quando o são, o resultado é quase sempre bom, aceitável, ou pelo menos ….razoável.

Hoje trago-vos ao blog um exemplo prático de como fotografar e como não fotografar. Parece-me importante que os fundamentos de uma foto sejam seguidos, para que não aconteça o que sistematicamente acontece ao meu amigo João Nuno: consegue bons peixes, mas não tem uma única foto que possa apresentar. Faz pescarias de qualidade, mas invariavelmente aquilo que fotografa é lixo, são imagens de fazer chorar um Cristo.

Aí vão exemplos de como fazer, e de como não fazer, num só peixe:


O peixe de perfil, pelo dorso, fica sempre mal. Na melhor das hipóteses podemos adivinhar o que é, e não é isso que se pretende.


Há um erro básico que não devem cometer: segurar o peixe pelo rabo. Invariavelmente as fotos saem mal, sem classe. O peixe deve ser fotografado numa posição natural, e sem qualquer tipo de atitude de violência ou agressividade da nossa parte. São muito mal recebidas as demonstrações de superioridade por parte do pescador.
Se pescámos o animal, isso significa que o conseguimos enganar, mas daí até podermos deduzir a nossa superioridade de espécie, vai um passo muito grande. Não esqueçam que o peixe que foi pescado tem atributos que suplantam, em muito, os nossos: maior capacidade de nadar rápido na água, maior capacidade de suportar pressão, maior capacidade de ver e sentir na água, etc, etc.
Eles são muito melhores que nós em diversos aspectos.


Imagens com sangue são dispensáveis., Não queremos dar a ideia de pescadores “carniceiros”, despidos de sentimentos. Sabemos que um anzol de um jig na goela de um robalo pode originar sangue, mas nesse caso, lava-se o peixe antes de fotografar.


Reparem na diferença. A foto fica muito mais agradável, e chama a atenção para outros detalhes, como por exemplo o carreto, um Daiwa Saltiga 2021 para Light Jigging. Um relógio suíço.


Quase a mesma coisa, um pouco mais focado no essencial. É importante que não queiramos fazer constar na mesma foto tudo aquilo que nos rodeia. Não existem boas fotos de monumentos e pessoas. Não conseguimos valorizar nada quando queremos ter tudo.


Espero que a ideia ajude a que consigam imortalizar as vossas capturas com mais qualidade. Evitem as fotos de peixes mortos dentro de um balde, uma esteira de peixes alinhados no chão, ou fotos em que o respeito pelo animal pura e simplesmente não existe. Não esqueçam que estamos a dar uma morte prematura a um peixe que é, sem dúvida, um vencedor, um ser que conseguiu sobreviver num meio agreste até àquele momento.
E isso implica respeito, e merece de nós pescadores evoluídos e educados, um tratamento digno.



Vítor Ganchinho



6 Comentários

  1. Bom dia Vítor,

    Esse Daiwa é um relógio Suíço com pilha e tudo!

    Abraço,
    A. Duarte

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    1. Oi António Literalmente com pilha. O carreto traz mesmo uma pilha dentro, e com isso faz funcionar uma data de sistemas de apoio ao pescador. Ficamos a saber a profundidade a que está o jig, quer quando vai para baixo quer quando sobe, velocidade de recuperação e uma data de outras informações. É a tecnologia ao serviço da pesca. Se eles fazem o que fazem dentro de um telemóvel, imagine o que irão fazer dentro de um carreto dentro de alguns anos.
      Este, eu tenho-o como o melhor carreto de jigging ligeiro que já foi feito. É caro, mas quando batermos a bota não levamos notas connosco...
      A cana não é a que tem agora, a Daiwa levezinha? Já fiz umas centenas de peixes com ela...

      Abraço
      Vitor

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  2. A cana Daiwa Aging Boat era uma paixão antiga, faz um excelente conjunto com o Daiwa Saltiga 200HL.

    Ainda não lhe fiz o gosto ao dedo, mas estou maravilhado com o seu potencial.

    Abraço,
    A. Duarte

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    1. Boa tarde António Uma das coisas que prometi a mim próprio foi de que não teria mais de 50 canas, divididas pelas diferentes técnicas. E os malandros dos japoneses estão sempre a lançar novas ideias. Agora andam com uns brinquedos em kevlar, ...que dão umas canas superleves e muito sensíveis. Ainda estão a preços elevados, mas mais dia menos dia vamos ter em stock na GO Fishing. A moda está centrada na questão das ponteiras híbridas, com titânio e fibra de vidro. São ponteiras que falam. Dizem-nos tudo o que se está a passar lá em baixo. Eu para comprar coisas novas tenho de vender as antigas, que eram as boas há uns meses atrás.
      Essa Daiwa Ajing Boat sabe o que faz, .....experimente aos robalos e vai ver. Os pargos também as odeiam....


      Feliz Natal se não voltarmos a comunicar.
      Amanhã vamos ter ...coisas pesadas no blog.

      Vitor

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  3. Boa noite Vítor,

    A vida ensinou me que o consenso é algo que tem de ser obrigatoriamente discutido!
    Você é uma pessoa enorme, não em quantidade, mas em dimensão.

    Este seu (vosso) blog é algo de muito enriquecedor para quem é apaixonado pelo mar e suas variantes.

    Obrigado a toda a equipa que faz acontecer esta maravilha de conhecimento e partilha.

    Quanto aos Japoneses, são fantásticos na inovação, estão numa dimensão superior, muito acima dos restantes comuns mortais!
    Sou um apaixonado da sua cultura, e dos seus valores.

    Contrariamente, nós Portugueses, sinto que enquanto povo temos perdido cultura, customes, tradições, valores...

    Temos que obrigatoriamente contrariar as tendências, e para isso a resiliência é fundamental!

    Obrigado por isto... o seu (vosso) o nosso espaço de entretenimento e cultura náutica.

    Um Santo e feliz Natal a toda equipa...
    A. Duarte


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    1. Bom dia António Agradeço os seus votos de Feliz Natal, e retribuo. Que tudo vos corra bem para o próximo ano, mesmo com perspetivas tão desanimadoras. Mas nós aguentamos, temos força suficiente para este covid e muitos outros.
      O blog são as pessoas que o fazem acontecer: o Carlos Campos que teve a ideia de o criar, o Hugo Pimenta que o trabalha e pagina, o António Marques que trata da parte da imagem e redes sociais, e a Lena, que abdica do tempo que eu teria forçosamente de lhe dedicar.
      A minha parte é a mais fácil, é apenas brincar com letras, colocar umas à frente de outras.
      Escrever é isso mesmo, é lançar letras contra uma superfície em branco. Há sempre algumas que ficam, uns artigos melhores que outros, ideias mais profundas que outras.

      Mas o gosto pelo mar e pela pesca é muito, e eu acho que estou muito longe de o conseguir passar para texto. Falta tanto....

      Feliz Natal e obrigado por tudo em nome da equipa do peixepelobeicinho!

      Vitor

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