GRANDES E PESADOS PARA QUÊ?

A pescar vertical aos “diversos”, há quem pesque a 50 metros com 200 gramas. Porque, para eles, assim a pesca desce mais rápido. Esquecem que a seguir vão ter de tentar ferrar um peixe com todo esse peso de chumbo, e pese embora tenham ou não sucesso nessa tentativa de captura, vão ter de enrolar linha até acima. Com isso apenas perdem sucessivos toques, por chegarem tarde demais à ferragem. E cansam o braço mais e mais.
Também a maior parte das pessoas pensa que para pescar jigging é obrigatório utilizar jigs com peso elevado. Não se imaginam a pescar com nada que se quede abaixo dos 150/ 200 gr. Focam a sua acção na descida, na vontade que têm de chegar ao fundo. Mas a acção é de ida, trabalho intermédio do jig, e …volta. E quanto mais subimos na gramagem ...mais sofremos. Pescar em fundos baixos com 200 gr é trabalho para culturistas!
Acreditem que é perfeitamente possível pescar peixes muito interessantes com jigs de …5 gr. Entre um extremo e outro, há todo um universo de possibilidades de pesca.
Nos próximos dias vou voltar a este assunto, por me parecer que há que desmistificar de vez a questão do…quanto mais pesado melhor.
Vamos apontar exactamente no sentido contrário: quanto mais leve…melhor!
Venham daí pelo mundo dos especialistas em jigging ligeiro, e entendam o quanto pode ser divertido pescar com peças que são eficazes, e que não nos matam, ainda que pesquemos com elas horas e horas de seguida.


Eis um lote de jigs de 5 gr, utilizado pelo Raúl Gil. Os peixes que ele pesca com estes artefactos vão vê-los nos próximos capítulos. E vão ficar espantados...


O Raúl, sempre o Raúl, um dos bons executantes europeus da actualidade, com alguns exemplos de peixes conseguidos com jigs minúsculos.
As canas são invariavelmente macias, com linhas finas, e não é por isso que ele deixa de pescar muito e bem. Patrocinado pela Savage, poderia no entanto conseguir pescar com qualquer outra marca, porque o importante é o conceito, não o carimbo de marca. Ficariam espantados se o vissem pescar nos vossos pesqueiros, onde acham que não anda nada de interessante.
Pessoas como o Raúl, ou o António Pradillo, inventam peixe que passaria incógnito a outros estilos de pesca.


Duas bicas, peixe que temos em abundância na nossa costa, com pesos até aos 2,5 kgs.


Uma leitura criteriosa da sonda é obrigatória, dado que por ela é possível perceber movimentações e posicionamentos de cardumes e predadores.
Todos os dados são importantes, tudo conta, quando queremos ter o filme daquilo que se passa debaixo dos nossos pés.
Este pescador valenciano dá-lhe uma importância acrescida, até porque frequentemente se desloca a pescar no seu kayak. E porque tem uma capacidade de mobilidade reduzida, tem mesmo de aproveitar as oportunidades ao máximo. Digamos que explora os pontos de pesca com mais atenção, mais cuidado.


O sarrajão, peixe do azul que se lança bastante bem aos jigs pequenos.


Penso que já vos disse aqui, mas repito: O Raúl Gil leva um pequeno contador de peixes, e a cada captura aquilo que faz é marcar o número de peças, e a seguir liberta.
Bem sei que isso não se enquadra no espírito vigente no nossos país, e sem fundamentalismos vos digo que eu próprio trago sempre o peixe do jantar para casa, mas entendam que alguém que chega a ter uma centena de picadas num dia, não poderia carregar no kayak semelhante carga de peixe, e nem saberia o que lhe fazer ao chegar a casa.
Ele pesca com uma assiduidade tal, quase diária, pelo que pode dispensar a maior dos peixes capturados.


Os pequenos pargos e os lírios, que são “danadinhos” para morderem as chapas.


A pesca de jigging não tem necessariamente de ser feita utilizando grandes pesos. Desde logo porque ficamos de imediato impossibilitados de transmitir ao jig a animação “nervosa” que um peixe em apuros terá forçosamente ao avistar um predador. É muito mais fácil enganar um robalo ou um pargo quando conseguimos imitar na perfeição as presas que estes estão habituados a comer.
Para que tenham uma noção do perfecionismo deste pescador espanhol, digo-vos que para ele a diferença entre um jig de 10 gr e 12 gramas, …é enorme.

Amanhã vamos voltar a este assunto.



Vítor Ganchinho



4 Comentários


  1. Viva Vitor.
    Tema apaixonantes este dos jigs!!

    Apresenta-nos aí um lote de bons jigs.

    Como selecionar as cores?
    começo com o rosa, faço 10 recolhas com movimentos variados e passo à próxima?

    Não sei se já referiu noutro post, se me passou, peço desculpa :)

    Grato, Paulo

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    Respostas
    1. Boa tarde Paulo! A questão dos jigs é algo que tem pano para mangas....

      Vamos ver: não se trata de serem ESTES JIGS, ....nem ESTAS CORES.
      Já foi escrito que devemos estar munidos de um conjunto de peças com características diferentes, para actuarmos sobre as condições de água que temos nesse dia, e nessa hora.
      Veja artigos anteriores em que se falou sobre isso. A explicação foi dada no sentido de aproveitarmos todas as possibilidades de pescar com cores naturais, próximas das presas habituais, sempre que possível. Mas nem sempre temos a água lusa. Por vezes até temos o oposto disso, águas verdes, ou mesmo barrentas. Depende sempre da quantidade de fitoplâncton, sedimentos, ( dias de temporal, chuvas, ventos), etc. Por isso, pescamos com cores flash apenas quando necessário. É vantagem nossa pescar com cores sardinha/ cavala/ carapau/ galeota, sempre que possível.

      Não acho boa ideia andar às apalpadelas, a tentar 10 vezes, 20 vezes......isso é de quem não interiorizou ainda qual é o princípio de funcionamento. Olhe para a água!
      Eu falo sobre isso nos meus cursos, e não sai dali ninguém sem saber fazer isso na perfeição.

      Bom fim de semana!
      Vitor

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    2. Olá Vitor, agradeço a sua atenção.
      Muitas vezes o nosso maior inimigo, são as nossas crenças.

      Como sabe, pesco frequentemente na baia oceânica a Figueira da Foz, por estar mais perto da residência e conseguir juntar mais amigos.
      Não gosto de pescar no rio (na foz do rio) porque acho que não há peixe. Há um mês atrás, fui fazer um frete a um amigo e fui para lá, convicto que não iria pescar nada de jeito. apanhei um de quilo, meti a outra cana a pescar com uma amostra que me pareceu adequada (mais flutuante) e consegui um tronco de natal com 3,5 Kg.

      ... da mesma forma acredito que não consigo pescar com jigs na baia oceânica (peixes de maior porte) mas quero desmistificar essa crença.

      Também já fiz tentativas de ir ao seu encontro, mas complicou-se :)
      Vamos ver este ano.
      Entretanto vou lendo e relendo os seus posts e colocando "duvidas" teóricas.

      Cordiais cumprimentos, Paulo

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    3. Bom dia Paulo Fernandes Eu através do blog consigo responder sempre. É só uma questão de organizar o meu tempo e mais hora menos hora, acabo por ter sempre a possibilidade de dar o meu contributo para que as coisas possam parecer mais claras. Nunca esqueça que aquilo que eu respondo é pensado à luz daquilo que é a minha realidade, aquilo que eu vejo no mar a cada saída. Porque saio mais vezes que a maior parte das pessoas, ( fui pescar este sábado e domingo, por exemplo), acabo por ter alguma percepção daquilo que se passa. Mas é apenas a minha verdade. Importante é que cada pessoa tenha as suas próprias convicções, e que consiga ver aquilo que se passa à frente dos seus olhos. Por vezes há pessoas que não conseguem. Olham para a árvore e não conseguem ver a floresta que está por trás.

      Abraço!
      Vitor

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