ELES COMEM COISAS PEQUENINAS...

Pesco com vinis pequenos.
Na verdade pesco com tudo aquilo que possa interessar aos meus queridos peixes, e isso inclui amostras pequenas, quer vinis quer jigs de baixo peso.
Sei que existe a opinião generalizada de que peixes grandes só comem presas grandes. Na verdade isso é um erro crasso. Está bem longe de corresponder à realidade, e as provas estão aí, à vista, todos os dias.
Há mesmo momentos em que peixes de dimensões muito respeitáveis adentram os nossos rios para procurar comida fácil, disponível em grandes quantidades, e suficientemente incauta para se deixar caçar.
As águas começaram a aquecer ligeiramente, já estamos nos 16/ 17º C, e isso significa que a temperatura das capas superiores de água na costa já permitem a estabilização de peixe que até aqui era forçado a permanecer nos fundões.
É a Primavera a entrar a toda a força. Há uma semana atrás já vi no Sado cardumes de milhares de pequenos peixes, na ordem dos 5/ 6 cm de comprimento.
Procuram refúgio em zonas onde lhes parece estarem mais protegidos dos carniceiros que os perseguem até ao limite físico das suas possibilidades. É incrível como peixes com alguns quilos arrojam a zonas com pouco mais de um palmo de água, na ânsia de conseguir chegar a estes cardumes de minúsculos peixes.
Este é o tempo de pegarmos na nossa caixa de vinis pequenos, nas nossas linhas finas, e irmos procurar aqueles que agora estão a entrar nos estuários.
Eles sabem que está a chegar ao momento da grande matança... e entram.




Penso que já aqui vos falei de uns dias que passei em Valência, a pescar com o António Pradillo e Raúl Gil. Eles são mesmo muito bons neste tipo de pesca.
Quando tratamos de pesca ligeira, feita com equipamentos ultraligeiros, artificiais de reduzidas dimensões, não podemos ignorar e reverenciar quem sabe da “arte”, quem é capaz de entender o mar, quem sabe ler na perfeição aquilo que tem à sua frente. E eles sabem.
Recordo-me dos sulcos feitos pelas anchovas à superfície, logo ao raiar do dia, a atacar ferozmente os cardumes de pequenas sardinhas. Os pequenos peixes, desesperados, sentiam os predadores a aproximar-se e procuravam escapar utilizando uma estratégia que apenas resulta quando o número de exemplares é mesmo muito grande: formavam pequenas bolas.
Infelizmente, a quantidade de sardinhas era muita, mas muito pulverizadas ao longo de uma enorme extensão de água. O padrão vigente eram grupos de 20 ou 30 sardinhas, e de um tamanho minúsculo tal, 3 a 4 cm, e parecia absurdo terem interesse para peixes com vários quilos de peso. Mas tinham, e as anchovas atacavam mais e mais, até encherem o estômago.
Recordo-me de as pescar com poppers, e ao colocar a anchova no barco para retirar o anzol da boca, haver ainda minúsculas sardinhas vivas a saltar para fora.
Algo como aquilo que podem visualizar abaixo, com cerca de 2 a 3 cm...


Sardinhas recuperadas da boca de um peixe. Ficariam espantados se vissem o quanto podem ser pequenas as presas dos grandes predadores! Esse é o grande segredo do Light Rock Fishing : pescar ligeiro e pequeno.


Pesca-se com vinis, numa montagem que envolve um cabeçote de chumbo, ou tungsténio, com um anzol consolidado. Basicamente isto que vos mostro abaixo.
Poderão executar com facilidade este tipo de trabalho, adquirindo os cabeçotes, os vinis, e adicionando alguma cola para garantir a fixação perfeita do conjunto.
É muito prático pescar desta forma, o sistema é altamente eficaz, e o preço do equipamento bastante reduzido. Convém ter cabeçotes de vários pesos, dimensões, a exemplo do que podemos fazer com os vinis.




Encontrei nos cabeçotes japoneses Coreman, com pesos de 4, 6, 9 e 12 gr um parceiro fiável para as minhas saídas de spinning.
Posso passar-vos a informação completa, escolhendo ao acaso os componentes:


Ver na loja



Um pouco de cola ajuda a que tenhamos o vinil em boas condições durante mais tempo de pesca. Eu corto a ponta da boca do vinil, para que possa ajustar na perfeição ao chumbo.
Estes vinis, vendidos em saquetas de 6 a 8 unidades, fazem facilmente um dia de pesca, pelo que o investimento necessário não é superior a dois ou três euros por pescaria.
Francamente mais barato que adquirir isca natural, com resultados que são sempre muito animadores.




O peixe cria-se dentro do rio, em zonas onde hipoteticamente não chegam os grandes. Os estuários são maternidades, criadouros naturais com os quais podemos sempre contar, e os grandes responsáveis pela quantidade de peixe adulto que temos lá fora, nas pedras ao largo. São importantes pela sua riqueza biológica, pela sua capacidade de proporcionar alimento a tudo o que ali nasce.
No princípio de tudo, estão factores bioquímicos que favorecem o surgimento de vida: temperaturas de águas, composição química, incrível profusão de milimétricos seres que servem de alimento a quem nasce e dá os primeiros passos na longa caminhada da via. Oferecem ainda protecção natural contra intempéries, etc.
Tudo o que se segue é resultado de um caldo de condições favoráveis que a natureza aproveita ao limite.
O Sado, e em geral todos os rios que desaguam na nossa costa, são uma joia preciosa que nem sempre valorizamos, e quantas vezes tratamos tão mal.



Vítor Ganchinho



3 Comentários

  1. Olá Vítor, tive com um pack desses na mão na sia loja no passado sábado e achei de facto muito apelativo. So não adquiri pq ja tenho tantos "brinquedos" que ja nem sei quais utilizar. Forte abraço.

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    Respostas
    1. BRUNO Freire

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    2. Boa tarde Bruno Freire

      Não falta peixe para morder os nossos artificiais. Vamos ter nos próximos dias aqui no blog bons exemplos disso. Vai sair algo sobre....spinning.

      Um abraço
      Vitor

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