PESCAR CAVALAS PARA ISCA - ESPECIAL ANTÓNIO LOPES!

Este é um tema suscitado pelo nosso leitor e colega de pesca António Lopes, pelo que vai com dedicatória para ele.

António, com os nossos desejos de que não tenha nunca mais de pagar fortunas pelos iscos com que vai pescar!

Já aqui foi referida a rapidez, comodidade e facilidade de obtenção de isca no próprio local de pesca.

Liberta-nos de perdas de tempo no dia anterior à nossa saída de mar, de eventuais impossibilidades de encontrarmos nas lojas iscos suficientemente bons e frescos, e ainda de termos de pagar por eles.

Aos dias de hoje, é um absurdo aquilo que se pede por meia dúzia de minhocas, de casulos, seja do que for. Com a agravante de sabermos estar a ser enganados, mas não termos alternativas senão pagar aquilo que nos pedem.

Pois a alternativa existe e está à mão de cada um de nós: capturarmos no local de pesca aquilo que existe sempre em grande quantidade.

As cavalas são um isco universal, todos os peixes as comem, e estão em todo o lado. É mais fácil perguntar onde não estão….

Passo-vos hoje um curto vídeo, em que pesco algumas antes de dar início a uma saída de pesca aos safios.

Por força da enorme arribada de polvos que vivemos este ano, os seus “companheiros de estrada”, os safios, encostaram aos pesqueiros mais baixos e encheram os buracos. E bem grandes apareceram este ano!

O processo é simples, é rotineiro, e também conhecido: quando os primeiros sinais de Outono chegam, o arrefecimento nocturno, alguns ventos e sobretudo as primeiras chuvas, os safios iniciam a sua aproximação à costa.

Antecedem em algumas semanas uma outra migração, que sabem acontecer sempre, e que os vai deixar bem alimentados para algum tempo: a grande entrada dos polvos, para reprodução.

A migração destes é algo que não deixa de me espantar, pela sua precisão, (acontece logo a seguir a um grande temporal, sem falhas!), e o seu sucesso depende enormemente das condições de tempo que as fêmeas venham a ter durante o tempo de postura e protecção dos óvulos.

É inglório que as mães polvos, depois de enfrentarem tantos perigos, acabem por perder a razão da sua migração, e a sua vida, para nada.

Posso contar-vos como o processo decorre, caso manifestem interesse, num próximo artigo, já que hoje o âmbito é outro.

Hoje falamos de cavalas, esse tremendo isco!

Procuramo-las naquela faixa de água onde podem estar sem arriscar demasiado a pele: os 20/ 25 metros de profundidade, logo próximo da costa.

Vão aparecer-nos na sonda como pontos separados, no caso de o cardume ser “ralo”, com poucos indivíduos, ou em formato “fita” no caso de termos um cardume compacto.

Para poderem detectar as cavalas, queiram saber que normalmente os seus cardumes se deslocam em “tubos”, constituídos por muitos milhares de peixes, numa faixa horizontal que costuma privilegiar os primeiros 10 a 15 metros de água a contar da superfície.

No caso de encontrarmos carapaus, os seus cardumes adoptam uma postura diferente no cardume, originando “bolas” de isco que surgem mais curtas e altas na sonda. E quase sempre mais próximo do fundo.

As cavalas, aquilo que nos interessa para isco, a esta profundidade de 20 a 25 metros, já não estão em seco, já têm água debaixo que lhes dá para escapar de alguns perigos, e não estão tão longe da costa que não a possam procurar em caso de “visita” dos seus predadores naturais, os golfinhos, atuns, tintureiras, etc.

Nunca esquecer que os inimigos destes peixes pasto não são apenas todos os que se alimentam delas a surgir do fundo... a esquadrilha aérea dos patolas, gaivotas, também as ataca e por isso não podem estar tão encostadas à costa que não tenham também alguma água debaixo...

Na verdade, estes peixinhos levam uma vida de canseiras, de fugas a perigos, e nunca estão bem. Ou são os robalos encostados a terra, ou são os atuns mais ao largo, há sempre alguém à procura de cavalas.

Defendem-se como podem, e isso significa reproduzir de forma massiva. São muito bem sucedidas em termos reprodutivos e só isso explica que possam continuar a existir não obstante a insuportável pressão que sofrem por parte de todos os seus predadores naturais e ainda de um outro, o pior de todos: o homem.

Tenho visto capturas de rede em que são devastados cardumes com muitos milhares de indivíduos, e tudo isto para... ração para animais. Toneladas de peixes, arrojadas num só lance.

Ficarão sempre algumas e é com essas que trabalhamos. Vamos ver como se pescam de forma fácil:

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Esta é uma pesca que podemos perfeitamente deixar nas mãos dos nossos filhos, as crianças vibram imenso com as capturas de cavalas com jigs.

É mesmo um trabalho de e para crianças, feito em minutos, que as minhas filhas não dispensam. De quando em quando encho o barco com elas e miúdos amigos delas e levo-os a pescar …cavalas. É sucesso garantido!

Na circunstância utilizei aqui um carreto Daiwa Saltiga Bay Jigging, e uma cana Xesta, um “elástico” que me serve e de que maneira para arrojar peixes grandes.

A uma maior dificuldade em ferrar, (as canas duras ferram melhor) corresponde no entanto uma quase impossibilidade de fuga após cravagem do anzol. Porque é uma cana muito elástica, muito suave, depois de o peixe estar preso na amostra, é mesmo muito difícil que venha a soltar-se. Acompanha os tirões dos peixes de tal forma que podemos considerar um peixe ferrado um peixe capturado.

As canas duras, cravando melhor, suscitam no entanto muito mais perdas de peixes, por estes rasgarem a boca, ou até partirem as linhas.

A cada um a sua preferência.

Podem complementar esta leitura com um artigo saído há dias, em que explicava como cortar os filetes de cavala para isca (Clique AQUI para reler).

Boas pescas!

Vítor Ganchinho