África tem encantos muito próprios, e se alguém não gosta não deve nem aproximar-se daquelas paragens.
Eu gosto!
Nada por ali é directo, aceite como definitivo, pelo contrário, tudo tem de ser falado, negociado.
Sabemos que é assim, neste mundo afinal de contas nada é apenas preto e branco. Excepto os pandas.
Para mim, o continente africano tem uma aura muito especial, e francamente sinto-me bem, sinto-me em casa quando posso tirar uns dias e viajo para lá.
O povo africano tem formas simples de encarar a vida que nos surpreendem, que chocam de frente com as nossas regras, as europeias, bem mais espartilhadas e rigorosas.
Só nos damos conta da forma como somos formatados a obedecer a directrizes de sociedade quando saímos de cá e deparamos com formas de conduta “alternativas”.
Estou a lembrar-me da forma como se conduz, …meu Deus! Ou bem que sem luzes, pela esquerda da estrada, ou com os máximos ligados em permanência, ou a cruzar vias sem olhar, a ultrapassar-nos pela direita, …tudo pode acontecer.
Fora de questão ceder passagem a um peão numa passadeira. Pelos vistos, o sistema funciona: todos sabem que os carros não param logo não arriscam passar.
São regras aceites, todos as conhecem, e assim sendo…ali devemos fazer igual, devemos respeitar o que está instituído.
Se alguma coisa é previsível é o imprevisto.
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A venda de fruta é feita tendo em consideração a unidade “balde cheio”, que ali funciona bem. |
De resto, a simplicidade com que se resolvem os problemas por lá acaba por chegar cá, à nossa terra. Os africanos improvisam como ninguém e eu tenho um episódio para vos contar, passado no aeroporto de Lisboa.
Estava eu com a família à espera da saída nos écrans da porta de embarque, perto da zona do free-shop.
Passou por mim um elemento de raça negra, baixo, magro, seco de carnes, vestido com um colete reflector amarelo. Fiquei a olhar para ele por suspeitar que dali podia vir algo de interessante.
Vazava os baldes do lixo com alguma mestria, o que indiciava uma rotina consolidada. Parou na zona de cosméticos.
Com a simplicidade das mentes simples, o funcionário das limpezas espreitou o posicionamento das raparigas das marcas.
Decidiu-se por uma marca francesa, Christian Dior, e se foi para um “Femme fatale”, podia ter escolhido outro, uma qualquer “Eau de parfum” de senhora, daqueles de 350 euros o frasquinho.
Vejo-o despir o colete, desabotoar três botões da camisa, pegar no frasco de perfume e literalmente tomar um banho naquele precioso líquido.
Trezentas vaporizações depois, frasco vazio, bem seco por dentro, envergou de novo o colete de trabalho e foi à sua vida, procurar mais caixotes de lixo a pedir socorro.
Deduzo que seja celibatário.
Embora lhe reconheça expediente, custa-me a crer que pudesse ser tão bom a arranjar desculpas conjugais quanto a fintar o destino profissional.
Eu não seria capaz de explicar à minha mulher aquele intenso cheiro floral entranhado na pele. Tenho a certeza que ela acharia que eu tinha sido apalpado e violado por toda a equipa feminina de voleibol do PSG.
No caso dele, e perante tanta sapiência e desembaraço, não tenho dúvidas de que deve passar algum tempo a justificar-se aos colegas e chefes:
_“Quase não consigo trabalhar, as miúdas roçam-se, esfregam-se em mim,…não me largam”…
Vítor Ganchinho
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África em todo o seu esplendor 😅😆😂 e cheirar bem não é para todos infelizmente 😁 Um grande abraço
ResponderEliminarUm grande abraço para o grande Dadaiu, rapaz de grandes primores e perfumes....
EliminarNa semana que vem entramos nos artigos mais pesados...
Para já são apenas...generalidades.
Abraço
Vitor