Falava há dias com um cliente GO Fishing dos Estados Unidos e aquilo que ouvi deixou-me a pensar que por cá tudo podia ser diferente.
Dizia-me ele: “Vitor, nós temos uma imensidão de peixe que é difícil de entender para um europeu. Temos mesmo muito peixe”.
Dizia-me ele: “Vitor, nós temos uma imensidão de peixe que é difícil de entender para um europeu. Temos mesmo muito peixe”.
E continuava: “as multas são de tal forma duras que ninguém no seu perfeito juízo arrisca cometer uma infracção. Nós temos uma imensidão de restrições, e toda a gente respeita, sob pena de perderem barco, equipamento de pesca e terem a justiça à perna com multas ultra pesadas.
Na nossa costa há peixes que só podem ser pescados durante dois meses por ano, precisamente os meses em que a espécie já reproduziu garantidamente, e em que é consensual não haver prejuízo para a manutenção dos stocks dessa espécie”.
Quanto a alguns tipos específicos de peixes, o caso dos tarpons ou das garoupas gigantes goliat, a proibição que existe vai no sentido de impedir inclusive que sejam levantados da água.
Um pescador que suba um desses peixes a bordo para uma foto é sujeito a uma lista de multas que compara com a lista de mantimentos de um porta-aviões americano....
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Uma abrótea de tamanho respeitável para este menino de nove anos que saiu a pescar com a GO Fishing. Ele é o futuro da pesca à linha. |
Pois é, precisamente por toda a gente saber muito bem quais as regras, e ser “forçado” a cumpri-las, os americanos têm peixe a rodos, e também a garantia de que podem sair ao mar com garantias de poderem pescar em abundância. Mas parte do peixe capturado não vem para casa, fica lá no mar, a crescer e procriar...
Um acessório que se vende a todos os pescadores que se iniciam é uma régua de medição de peixes. Por cá ninguém compra...
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Os americanos que nos visitam acham que temos muito peixe miúdo, mas estranham não haver peixe maior... Perguntam pelas grandes garoupas,... |
O que é que isto tem a ver com a pesca da dourada, essa pobre desgraçada que só é pescada precisamente durante os três meses em que está ovada e pronta para fazer as suas posturas?!!
É pescada por todos porque se encontra fragilizada pelo facto de necessitar de comer “por muitos”.
Ou o robalo, de que toda a gente se queixa de haver escassez, mas a quem ninguém perdoa no seu período reprodutivo?
Ou não é um facto de que entre nós os peixes são ainda mais apreciados se tiverem ovas no seu interior?!
Há limites de tamanho mínimo, e limites de quantidade de pesca por dia.
Isso parece ser aquilo que temos por cá, não faltam leis e regras a cumprir. Legislação temos!
A diferença é que o meu amigo americano é fiscalizado três a quatro vezes por época...
E agradece a presença das entidades fiscalizadoras porque sabe que é isso que lhe garante peixe amanhã.
Peixe para poder pescar sempre que lança as suas linhas.
Vítor Ganchinho
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Já vai havendo um pouco dessa mentalidade, mas a maior parte das pessoas é implacavel nas suas proprias regras, é quase como um tribunal do pescador, vieste ao anzol, então vai para casa, nem que seja para dar ao gato, infelizmente, e penso que ainda estamos a anos luz do que se passa noutros países
ResponderEliminarPedro, as pessoas vivem o dia de hoje sem pensar que um dia terão filhos e que estes por sua vez quererão usufruir do mar tal como nós os fazemos.
EliminarNão deixar nada para quem vem a seguir não abona muito a favor de quem pode, como diz, decidir sobre a vida ou a morte de um pequeno peixe.
É isso do tal "tribunal interior", aquele click que pode fazer com que um peixe viva ou morra.
Se houver mais gente a soltar peixes, se cada um fizer isso todos os dias com meia dúzia de peixes que para nada servem ( para que serve um sargo de 7/10 cm?), o mar fica mais rico e nós não ficamos mais pobres.
Pelo contrário, a sensação de satisfação e de dever cumprido quando libertamos um pequeno peixe é algo que nos enche a todos de orgulho.
Ou devia encher de orgulho....
Obrigado pela sua participação no blog.
Abraço
Vitor