A minha filha Teresa vai jantar com algumas amigas.
Fotografa um prato de sobremesa com um pudim de caramelo e publica a foto no Instagram, sem qualquer legenda.
Obtém 9500 likes.
Eu escrevo sobre pesca há um horror de anos, (comecei a escrever para o Jornal Notícias do Mar, do Antero dos Santos, versão em papel, há uns 38 anos atrás....) e nos dias bons, aqueles que reportam a artigos sobre chocos, robalos ou douradas, consigo 20 likes.
Horas perdidas da minha vida em frente a um ecrã, a queimar pestanas, para 20 likes....
Isto como melhor, ...porque podem ser menos.
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Fantástico nascer do dia! Fotografei isto a sul de Sines, numa manhã de nevoeiro, com o sol a querer aparecer por detrás da bruma. |
Bem sei que a pesca é um terreno aparentemente pouco fértil para literaturas e afins.
Que há muita gente que julga ser a pesca um desporto para gente rude, de barba rija, com camisa de quadrados e sem interesse por letras.
Engano puro!
Não convém subestimar o sector, ele vale mesmo muito em termos de cultura, de ideias e letras.
São inúmeros os intelectuais de renome dedicaram a este fenómeno muito do seu tempo. Falo-vos, entre muitos outros, de Raúl Brandão, do nosso contemporâneo Manuel Alegre, António Alçada Baptista, (entre outras coisas presidente do Instituto Português do Livro), Peter Gathercole, e o inesquecível autor de “O velho e o mar”, o grande Ernest Hemingway.
As pessoas que pescam e amam a pesca são transversais a toda a sociedade. Seguramente são muito mais que gente que lança ao mar linhas e anzóis.
Se muitas delas são gente simples que pesca, outras são pessoas com sentido crítico, com cultura, com uma formação académica sólida. E que também pescam.
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Tenho a certeza de que os golfinhos que seguem o meu barco gostariam de saber que escrevo sobre eles... |
Quanto à questão dos “likes”, podemos ver isto sob vários prismas:
Eu não tenho nada para dizer sobre mar, peixes e pesca, logo é natural que ninguém se manifeste, logo não vale a pena estar a maçar-vos.
Por falta de estimulo, de motivação, por não acreditar que valha a pena, deixo de escrever.
Peço aos meus queridos leitores que nos próximos cinco anos sejam eles a escrever para mim.
Solicito à minha filha que vos escreva artigos sobre pudins.
Escolham.
Grande abraço!
Vítor Ganchinho
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Como leitor assíduo deste cantinho, só posso concluir uma coisa. Há muita gente a gostar de pudim. Um abraço da Suiça.
ResponderEliminarNenhum dos meus melhores artigos poderá um dia competir com um bom chocolate suíço.
EliminarFiquei espantado quando um dia me confirmaram que somos lidos ...no Japão.
Na verdade se há países que são profundos conhecedores da fina arte da pesca, o Japão é um deles.
Não deixa de ser estranho que alguém leia o que se escreve do outro lado do mundo quando eu próprio vou lá regularmente para aprender a pescar.
O mundo é uma ervilha....
Grande abraço
Vitor
Boas Vitor, provavelmente alguns leitores não colocam o like por alguma razão, mas não significa que não ficaram com parte da partilha da informação. O facto de ter chegado a este numero de "visitantes" já é uma "Vitória Vitor".
ResponderEliminarParabéns e obrigado pelas partilhas. Boa continuação.
Bem sei que este mundo da pesca é algo austero no que diz respeito a associativismo, a partilha.
EliminarNa maior parte dos casos, aquilo que se faz é publicitar alguma pescaria mais encorpada,
mas há pouca divulgação dos métodos, dos equipamentos.
Procuro não dar peixe, mas ensinar a pescar.
Para quem começa agora, é importante não ter de partir a pedra que os dinossauros das linhas já tiveram de partir. Falamos de tempo, de anos e anos de experiências.
Gostaria de ter a certeza de que vale mesmo a pena passar informação e quando não temos retorno, quando não há eco das palavras que se lançam para o ar, a dúvida instala-se.
Vamos ver se um destes dias chegamos às 400.000 leituras.
Até ver, vão mais de mil artigos. Devo estar quase a chegar a 20% da informação que posso passar à rapaziada nova....vamos ver.
Grande abraço
Vitor
Os tempos de facto mudaram mas como já falámos tantas vezes. Não se trata dos outros mas sim do que o Vítor gosta e sente prazer a fazer. Neste caso escrever sobre tudo que lhe vai na alma e como ninguém no mundo da pesca. Eu tenho o prazer e a alegria de ter um grande amigo com um dom nato para escrever e espero que ele nunca se canse de tornar este mundo da pesca muito melhor. Um abraço enorme e até breve
ResponderEliminarGrande Luís!!
EliminarÉ dar de comer à minha garoupa, (mandar para baixo uns quantos atuns de 15 kgs), para o animal se manter em boa forma física.
Devo estar a receber os tais carretos Daiwa Saltiga 35 HL, as máquinas que vão puxar para cima o futuro recorde de Angola em versão "Garoupa Monstruosa".
Não apoquentar o bicho que eu vou lá.
Antes disso ainda vou pescar na Amazónia, ( saio a 29 deste mês e vou passar 13 dias a pescar nos confins do mundo, aos tacunarés e outros que tais).
Quando chegar escrevo qualquer coisa, embora se trate de água doce.
Isto, claro está, se voltar....
Grande abraço!
Vitor
Boas Vitor se eu não soubesse que tens que devolver a águas os tucunares ficava já preocupado porque quando eu chegar lá dia 17 de outubro já não tinha nada para pescar
ResponderEliminarGrande abraço
Luís Maia
Luis, eu vou deixar um para ti!
EliminarDurante o dia vamos fazer-lhes a cabeça em água, mas à noite a coisa vai mudar de figura....andam por lá uns peixinhos com 2 metros de comprimento e eu vou levar equipamento para eles.
A grande questão é a limitação de peso que a avioneta que vai de Manaus para Barcelos tem, porque os 17 kgs não dão para grande coisa.
Em material de pesca, para pescar tanto tempo, não sobra muito.
Vamos ver.
Grande abraço!
Vitor